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segunda-feira, 30 de março de 2009

NA HORA, FEITO CALDO DE CANA:

Bernadino Ramos:

Quando eu pego na viola
E corro o dedo na prima
Se as águas corre pra baixo
Eu faço subi prá cima,
Quem tiver na lei do cão
Eu passo prá lei divina.

* * *

Sinval Ferreira da Costa Lima:

Vou brincar como quem sonha
Com uma festa no céu;
Camisa esporte, chapéu,
Calça de meia-coronha…
Comer canjica e pamonha,
Afogar as minhas dores,
Arranjar muitos amores,
Dançar quadrilha e baião…
Vou brincar o meu São João
No Clube dos Caçadores.

* * *

Manuel Monteiro:

Assim que o dia amanhece
Para afastar mandiga
Uns quatro dedos de Pinga
Dá saúde e fortalece
Depois que a branquinha desce
Deixa a pessoa sarada
Assim que a cana tomada
No sangue se dissolver
Se uma cobra morder
Quem morre é a desgraçada

* * *

Benjamin Satti:

Vou dizer a minha loa
Não é denúncia vazia
Seja de noite ou de dia
Cachaça é coisa boa!
Como Deus fez com Adão
Advirto pras pessoas
A cachaça só é boa
Com uma táia de limão.

* * *

Chico Nunes:

Houve em Palmeira dos Índios
Um político decente,
Homem polido e valente,
Chamado de seu Clarindo.
Matava o povo sorrindo
Junto com o seu Benjamim,
Procederam tão ruim,
Que todos dizem: “Cautela”!
Quem tem cavalo de sela,
Cuidado com os Amorim.

* * *

Manoel Xudu Sobrinho:

Dia 13 de março terça-feira
Ano mil novecentos trinta e dois
Pouco tempo depois que o sol se pôs
Mamãe dava gemidos na esteira
Numa casa de barro e de madeira
Muito humilde coberta de capim
Eu nasci pra viver sofrendo assim
Minha dor vem dos tempos de menino
Vivo triste por causa do destino
E a saudade correndo atrás de mim.

* * *

Anizio:

O poeta que escreve é pensador
Vai pensando no tema e escrevendo
Se errar ele apaga e faz remendo
Assim faz um poeta escrevedor
Não é bom como improvisador
Com caneta ele é bom pra divulgar
Os seus contos poéticos popular
Mas poetas merecem o paraiso
Repentista faz tudo de improviso
Sem demora tem resposta para dar.

* * *

Ugolino do Sabugi:

Brilham, nos prados, verdumes
De um tapete aveludado;
Brilha o rochedo escarlado,
Das penhas seus altos cumes;
Os montes formam tais gumes,
Que a gente, os observando,
Vê como que se alongando,
Sumir-se na imensidade …
Nossa visibilidade
Os perde se está olhando.

* * *

Egito Siqueira:

Imortal é o poeta violeiro
Que cantou nesse nosso Pajeú
Lourival, Dimas, Jó, Zezé Lulu
Com Xudú mais o Pinto do Monteiro
É Marinho o poeta pioneiro
Que é lembrado em toda cantoria
São José o teu canto é melodia
Com teus versos sozinho subo a serra
Como é bom ser poeta dessa terra
Pra dizer sou do Berço da Poesia.

* * *

Manoel Filó:

Quando a chuva principia
Se recomeça o trabalho
Quem olhar, vê pelas plantas
Milhões de pingos de orvalho
Como se houvesse um rosário
Pendurado em cada galho.

* * *

Lourival Batista:

Na vida eu sofri abalos
E desesperos medonhos,
Sonhos, sonhos e mais sonhos
Sem poder concretizá-los,
Na fronte senti os halos
Das auras da juventude,
Porém não tive a virtude
De dormir entre os teus seios;
Não tive amores, sonhei-os
Quis possuí-los, não pude!

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