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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

VOCÊS NÃO PODEM SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO (OU, POR QUE NÃO NÓS?)



Por Eduardo Bezerra

Esta passagem bíblica atribuída a Mateus é a chamada da Campanha da Fraternidade do ano de 2010. Realizada no período da quaresma, a ação é coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em todo território brasileiro desde 1964. Neste ano, seu primeiro lema foi: “Lembre-se, você também é Igreja”. Para mim, particularmente, dois temas me chamaram atenção: o de 1985, quando ainda tinha seis anos, e a de 2003.

Na realidade, o tema da campanha de 85 só me chamou atenção alguns anos depois, quando entendi a mensagem do lema “Pão para quem tem fome”. E achei bonito, achei justo, principalmente por ainda ser católico de uma igreja chefiada pelas brandas e piedosas mãos de Dom Hélder Câmara. Em 2003, já como Gerente de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, a campanha chegou a mim com o lema “Vida, dignidade e esperança”. Um olhar sobre os nossos invisibilizados idosos.

O tema de 2010 me lembra com muita força como a igreja católica é cheia de contradições e dedos indicadores apontados para toda humanidade. Lembro mais uma vez de Dom Hélder quando dizia: “Ao apontar o dedo para os outros, lembre-se que há quatro apontando para vocês”. Tentem fazer o gesto e entenderão o que a mensagem diz. Eis que hoje, mais uma vez, os sucessores de Pedro se mostram novamente despreocupados com seus atos e inquirem novamente o próximo sem o mínimo pudor.

Logo agora que a Arquidiocese de Olinda e Recife, refrescada pelos ares de um pastor de riso fácil e palavras de acalanto, vive um momento novo, de maior tolerância. Justo neste momento, em plena quaresma, surge o acordo entre a sede da igreja na capital pernambucana e um grupo de empresários para arrendar a área da Tamarineira, onde fica o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano. Ou Deus é um especulador imobiliário ou alguém está servindo ao senhor errado.

Bem, o negócio promete aderir àquelas balelas de desenvolvimento sustentável, preservação de áreas verdes, projetos culturais e todas essas coisas que, a princípio, dão em um belo discurso mas, no final, não passam de uma bela obra de marketing. O valor total do empreendimento gira em torno de R$ 300 milhões e um contrato de 50 anos, de acordo com informações do Blog do Jamildo. Não sei os termos do contrato, mas aquela área foi palco de uma grande mobilização do povo pernambucano há pouco tempo pela sua conservação. O mesmo povo que é chamado de rebanho. O mesmo povo que entrega seu dízimo nas sacolinhas.

O que me surpreende, na realidade, é a coragem da igreja em lançar uma campanha com esta temática numa cidade onde a mesma vendeu o tradicional e qualificado Colégio Marista para construir um Atacado dos Presentes. Em pleno centro do Recife, capela, quadra, colégio, área verde e tudo mais, virou uma imensa imagem dedicada ao deus-comércio. Bem ao estilo dos templos gregos da antiguidade.

Quem diz ao seu rebanho para não servir ao dinheiro gasta quase R$ 5,5 bilhões para calar um número absurdo de vítimas da pedofilia só nos Estados Unidos. Esta mesma instituição faz do sacrifício do celibato uma ótima solução para não ter com quem dividir o patrimônio de seus pastores. Pensei que servir a Deus significava arcar com os erros e pagar pelos pecados tanto pela lei divina quanto pela humana. Ou talvez servir a Deus representasse vivenciar o amor. Pelo jeito não.

Mais uma vez a igreja católica se coloca em situação difícil. Pelo menos ela não mente. Quem não pode servir ao dinheiro é você! Já ela…


OBS. O texto não retrata, necessariamente, a opinião do blog.

1 Comentários:

  1. Não devemos nos apegar ao dinheiro, mas qdo se diz à igreja, como sustentar a energia, a limpeza, a água que os fiéis usam, ajudar aos necessitados? não é porque não amamos o dinheiro que vamos trabalhar e sair dividindo o nosso dinheiro por aí, mas temos de ter fidelidade com nossos dízimos e ofertas p o sustento da igreja e quem o usar ilegal Deus o trará a JUIZO.

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