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quinta-feira, 11 de março de 2010

473 ANOS DE RECIFE/PE


Em 12 de março de 1537 exatamente, a capital do estado de Pernambuco, Recife, era fundada. O nome foi escolhido por causa dos arrecifes - rochedos de coral e arenito formando uma muralha natural que circundam todo seu litoral.

Localizada na foz dos rios Capiberibe e Beberibe, Recife é conhecida como a "Veneza brasileira", em alusão à cidade italiana que tem inúmeros canais e pontes atravessando seus rios.

É considerada uma cidade histórica por ter várias construções tombadas pelo Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade e muito visitada por turistas fascinados pela beleza de seu litoral.


A cidade do Recife recebeu mais uma homenagem, dessa vez, da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A sessão solene aconteceu ontem à noite, no plenário da Casa Joaquim Nabuco. Estiveram presentes à reunião, o prefeito do município, João da Costa, alguns deputados estaduais, entre eles, o autor da proposta, Sérgio Leite, além de convidados. Na ocasião, o parlamentar entregou uma placa ao prefeito. Durante seu discurso, o deputado Sérgio Leite enfatizou a tradição de luta da Capital pernambucana pelo ideal democrático. “Isso vem fazendo com que Recife se destaque no cenário nacional”, pontuou Leite.

O prefeito João da Costa agradeceu a homenagem feita pela Assembleia Legislativa e mencionou que o município tem um papel importante no cenário econômico-social do Estado. “Nossa cidade é a mais preparada para ser âncora do crescimento estadual, mas tem que ser um crescimento mais igualitário. O município vem se preparando para novos desafios. Temos que melhorar a estrutura e também a qualidade de vida das pessoas. Nossa cidade está de parabéns”, discursou o prefeito, acrescentando que até o fim de março serão entregues três conjuntos habitacionais perfazendo um total de 624 unidades.


EVOCAÇÃO A RECIFE

Nascido em Recife, o poeta Manuel Bandeira homenageia a cidade com este poema:

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
Mexericos, namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
A distância, as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado, o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.

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