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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

VERSOS DE JOÃO PARAIBANO


João Paraibano nasceu em Princesa Isabel, na Paraíba, mas está radicado em Afogados da Ingazeira, em Pernambuco. Entre os seus discos, destacam-se "Encontro com a Poesia" - com a participação de Valdir Teles, Sebastião da Silva e Sebastião Dias - e "A Arte da Cantoria" - com Ivanildo Vilanova.


Vi o fantasma da seca
Ser transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.

...

Terreno ruim não dá fruto,
Por mais que a gente cultive,
No seu céu eu nunca fui,
Sua estrela eu nunca tive,
Que o espinho não se hospeda,
Na mansão que a rosa vive.

...

A juventude não dá
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria

Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça

...

Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.

...

Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.

1 Comentários:

  1. Aqui bem distante da seca
    Que assolou o açude
    Matou o meu gado de sede
    Chorei pelo tempo que pude
    Morrendo de tanta saudade
    Vivendo por vaidade
    Nas terras distantes da minha
    Nada mais me avizinha
    Que voltar pro meu torrão
    Eu sinto no calo da mão
    O peso da sina minha.

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