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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

13 DE DEZEMBRO - Aniversário do Rei

No dia 13 de dezembro de 1912, consagrado a Santa Luzia, nascia no Exu, Pernambuco, Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei Luiz Lua Gonzaga, o maior de todos, o homem que cantou tudo do Nordeste e do Brasil, para o Nordeste, para o Brasil e para o mundo.

Tá tudo na sua obra: os homens, os bichos, as cidades, os santos, os cangaceiros, os beatos, os políticos, as profissões, as rezas, as festas, os costumes, a seca, a precisão, a fartura, a praia, o sertão, as comidas, os sotaques, as manhas, as presepadas, as feiras, a vida, a morte e a alma nordestino-brasileira.

Morreu em agosto de 1989 aos 77 anos de idade.



HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA - Felipe Júnior

Já se foi a canção que encanta a gente,
Já se foi a destreza da cantiga,
Mas ficou entranhada a voz amiga
No falar mais “gonzagueanamente”.
Hoje aqui o cordel se faz presente
Pra render homenagens, com certeza,
A Luiz, por mostrar toda a beleza
Encantada na igual sertanidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

O Nordeste não viu mais o carão;
João-de-barro ficou engaiolado;
O luar não foi mais enluarado,
Pois o Rei foi pra outra habitação.
O castelo do verso, do baião, do forró,
Não viu mais outra grandeza;
Foi a voz que ficou mais e mais presa...
Deus deixou o sertão sem majestade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Nosso Rei do baião desde menino
Recontava as façanhas do Nordeste;
Deu mais voz ao sertão, ao nosso agreste,
Seguiu bem o que tinha por destino.
Com dois “Zés”, nosso Dantas, Marcolino,
Foi ao Sul pra quebrar toda a incerteza
Que o sertão não precisa de riqueza
Pra viver na maior fraternidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Fez canção pra o Riacho do Navio;
Mostrou bem o querido Pajeú;
Se encantou quando viu o mandacaru
Florescer na cantiga do assovio;
Vendo a seca matar, fez que não viu,
Mas, no entanto, cantou com mais franqueza
Toda graça, o sertão e essa beleza
Demonstrando a pureza e a vaidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Visitou o vaqueiro aboiador;
Aboiou, levou gado pra o curral;
Sua voz teve o som instrumental
Do concriz, passarinho trovador;
Foi Luiz um poeta sonhador,
É Luiz cantador dessa represa;
Rei Luiz que faz verso com fineza,
Com amor e sentimentalidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Fez o grito afamando o boiadeiro
Estrondando o seu canto nas campinas;
Pôs mais tom no xaxado das meninas
Que dançavam contentes no terreiro.
Seu Luiz foi aquele sanfoneiro
Que deixou no forró a luz acesa
Pra saber que o xaxado tem pureza
Com gostinho de uma ingenuidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Natureza tem ar nordestinado,
Tem os campos, campinas e serrões,
Tem serrotes, tem grotas e grotões,
Tem o povo lá dentro do xaxado.
Tem zabunba e o triângulo ao seu lado,
Tem sanfona, tem toda essa riqueza
Que Luiz demonstrou com a grandeza
De um guerreiro que tem natalidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Tem as cores perfeitas do verão,
Tem a reza das seis horas da tarde,
Só não tem lutador que é covarde
E abandona a grandeza do sertão.
Tem as festas de boi, apartação,
Tem feijão com farinha sobre a mesa;
Não se vê nem ladrão, nem safadeza,
Só se vê a total felicidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Seu Luiz nos deixou gonzagueando...
Foi viver com o Deus Santo, Pai Celeste,
Com certeza esse céu vira o Nordeste
Quando pega a sanfona e vai tocando.
Santa Rita e São Pedro vão dançando...
No forró, não se fala em ter moleza.
Diz São João: “Esse com muita certeza
Ao Nordeste dar muita saudade”.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

O forró do Nordeste é sempre assim,
O forró de Luiz é bom demais.
Seu baião ficará entre os anais
Dos heróis que jamais tiveram fim.
Como é bom ir dançar um “forrozim”
E, às meninas, mostrar nossa esperteza
Encostando o meu rosto ao de Tereza
Peneirando um chamego com vontade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

O vem-vem que o poeta decantou
Transformou a paisagem sertaneja;
Rei Luiz em qualquer lugar que esteja
Se relembra saudando o que plantou.
Xiquexique quem vê, se transformou
Numa rosa mostrando a boniteza.
Desta forma não pode haver tristeza,
Pois Gonzaga nos dá fertilidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Colocou nos seus versos sentimentos
Da morena dos braços calorosos;
Apelou aos doutores poderosos
Que o sertão não está pra ter lamentos.
Relembrava nos cantos seus momentos
Repassados com muita sutileza.
Foi um grande cantor pela defesa
Do Nordeste ter mais utilidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Não há mais o cantar da despedida,
Não há mais juazeiro tão querido.
Não se vê passarinho tão sofrido
Como aquele que não sente a saída.
Não há canto cantado nessa vida
Que nos traga um sentido de pureza;
Só tem rock, tem brega e tem tigresa
Destruindo esta sã sagacidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Tem beleza cantada no sertão
Desaguando no rio Pajeú;
Tem de tudo lá em Caruaru,
Tem namoro puxado pela mão;
Tem um Rei aclamado Gonzagão
No forró nos trazendo uma surpresa...
Tudo tem no sertão, é uma lindeza...
Vá lá ver e confira essa beldade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Viu no chão o calor do sol secando
A esperança do povo nordestino;
Viu a fé de José, de Severino,
Esperando um chuvisco e ir plantando.
Seu Luiz desse modo vai cantando
Construindo um Nordeste de nobreza
Que tem rei, tem rainha e tem princesa
Todos juntos reinando em unidade.
Seu Luiz na canção falou verdade
Exaltando o poder da natureza.

Aqui digo no verso derradeiro:
Nosso rei se chamou LUIZ GONZAGA
Que foi sempre um amante dessa saga
Sendo rei, cantador e sanfoneiro.
O reinado ficou para o vaqueiro,
A morena, tornou-se baronesa.
Não se viu um Luiz com realeza...
Mesmo assim se eterniza a majestade.
SEU LUIZ NA CANÇÃO FALOU VERDADE
EXALTANDO O PODER DA NATUREZA.

Poeta Felipe Júnior

1 Comentários:

  1. Eita, poeta,uma grande homenagem ao nosso eterno Rei! Valeu pelas belas estrofes!

    Abraço, poeta véi!
    Marcos Passos

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