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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DE OLHO NA POLÍTICA com FELIPE JÚNIOR


SOBRE A PERPETUAÇÃO POLÍTICA E OS DANOS SOCIAIS

Felipe Júnior*

A visão da sociedade sobre ideologia política está cada vez mais fragmentada. E não é por falta de políticas públicas, mas pela ausência de público crente em uma política de mudança, visto a descrença frente à confiança uma vez posta aos seus gestores. É daí que surge o que chamamos de Ciclo da Descrença Política: pessoas que, uma vez optando pela anulação do voto, repassam esta ideia a tantas outras.
A grande problemática do poder se define pelo simples fato de que, uma vez desfrutando do poderio político-social, imaginamos ser esse poderio, ininterrupto, imutável e intransferível. Entretanto, há, pelo senso comum, razão nesse entendimento, pois sempre cogitamos que ninguém é capaz de fazer o trabalho melhor do que nós mesmos, ou que ninguém pode dar, com exceção de nós mesmos, continuidade ao que já foi posto. Não é recente o grande número de políticos que buscam, tentam ou conseguem, não necessariamente nessa ordem, eleger seus sucessores. Basta analisar os sobrenomes, familiaridade ou apadrinhamentos, necessariamente nessa ordem, que estão nas nossas Câmaras, Assembleias e no Congresso Nacional.
O surgimento da perpetuação política é alimentada cada vez mais por nossos políticos e isto é uma afronta ao sistema democrático. Aristóteles, através dos tempos, nos diz que, como seres pensantes, somos necessariamente seres políticos, quer seja no sistema político social, quer seja na nossa casa ou até mesmo no nosso trabalho. Penso que alguns políticos fazem uma interpretação errônea deste pensamento aristotélico. É fato, segundo o pensador, que todos nós somos seres políticos, mas nem todos temos a capacidade de representação política frente à sociedade. A problemática está justamente quando queremos usufruir do poder que nos é dado para satisfação do nosso ego. A democracia nos revela que o poder é para ser posto a serviço unicamente da sociedade e, quando este se encerra democraticamente, faz-se necessário que outro usufrua deste mesmo poder, através do voto, para inovar ou dar continuidade ao que já foi posto. Entretanto, o que vemos hoje é uma perseguição ferrenha aos projetos elaborados ou executados por um gestor, caso este seja opositor ideologicamente (às vezes pessoalmente) daquele. É daí que se concretiza o dano social. A sociedade não pode sofrer quaisquer danos dessa natureza. É intolerável.
O sistema político brasileiro aprovou a emenda constitucional n° 16, de 04 de julho de 1997, que trata da reeleição. O objetivo da emenda agraciava gestores que não concluíram seus projetos no prazo estabelecido na constituição, o de 4 anos, podendo estes se reelegerem por mais 4 anos. O grande problema no Brasil é o que chamamos de grupos políticos, sim, unicamente patotinhas políticas sem ideal partidário (aliás, quem lê estatuto partidário antes de se filiar a algum partido político?), sem identidade própria e sem propostas de mudança, que não só defendem, mas lutam acirradamente pela perpetuação no poder.
É preciso que, ao invés de defendermos uma reforma política emergencial, defendamos uma reforma urgente na forma de se pensar política no Brasil, evitando os danos que tantos são prejudiciais à sociedade brasileira.

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*É filósofo e presidente da União dos Cordelistas de Pernambuco-UNICORDEL

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